domingo, 6 de novembro de 2011

Herança de Maria - LeYa


Contracapa
Quem é a mulher que, para proteger o filho, é capaz de enfrentar a ditadura? A mulher capaz de estalar um tapa na cara do soldado boca-suja que não teve mãe que o educasse?
 “Decerto ela nem sabia direito o que era uma ditadura, só sabia que ali, na avenida com as portas do comércio baixadas e fumaça de rojões no ar, os estudantes (portanto seu filho junto!) atiravam pedras nos soldados que atiravam para o alto (...).”
Não, ele não tinha uma mãe comum. E, por isso, ali, diante de sua imagem inerte, ele sofria com o destino que a esperava. Passar meses, anos, vegetando?
Que morte teve Maria, a mãe de Jesus? Que morte deveria ter aquela mulher forte, íntegra, corajosa? O que ele poderia, ou deveria, fazer por essa mulher, sua mãe, que trazia na face a herança de Maria?
Personagens tão marcantes foram poucas em nossa literatura. E é por isso que o novo romance do premiado escritor Domingos Pellegrini, ganhador de dois prêmios Jabutis, desafia as emoções do leitor contemporâneo, contando a história de uma mulher simples capaz de operar verdadeiros “milagres” na vida daqueles que a conhecem...

Orelha
Um filho diante da mãe em seu possível leito de morte. Morte que poderia chegar em dias, meses ou anos. Uma mãe completamente fora do comum que dizia  – e parecia – trazer em si a herança de Maria, a mãe de Jesus. Uma história envolvente, que se mistura com a do Brasil, na qual figuram civis e militares, homens e mulheres, jovens e velhos. Esse é o contexto do novo romance do premiado autor londrino Domingos Pellegrini, ganhador de dois Jabutis pelos livros O Caso da Chácara Chão e O Homem Vermelho.
“Um dia, ela abençoou uma menina japonesa que soluçava, soluçava sem parar (...), machucando a garganta castigada pelos sola­vancos, enrijecendo o pescoço até dar cãibras que exigiam toalhas quentes e massagens e acupuntura, de modo que a menina chegou ao apartamento com olhos de dolorida resig­nação e olheiras de cansaço. (...) tua mãe co­locou a mão na cabeça dela, falou descansa, filha, descansa, e a menina fechou os olhos, parando de soluçar, a cabeça caiu de lado, a mãe dela segurou, o pai dela também segurou pelos ombros para ela não cair do banquinho. E tua mãe também ficou de olhos fechados um tempão (...). Eu saí, fui fumar, voltei, fui fumar, voltei, e lá pelas tantas tua mãe abriu os olhos e sorriu, bateu as mãos e a menina acordou, tua mãe falou vai, minha filha, vai com Deus, e daqui pra frente você não vai mais soluçar, só vai sorrir. E a menina, que os pais diziam que nunca sorria, coitadinha, sorriu e nunca mais soluçou.”

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