sábado, 5 de novembro de 2011

Iracema e Cinco minutos - Edição, introdução, complemento de leitura, textos de capa


Contracapa

Dois romances de um dos grandes patriarcas da literatura brasileira, Iracema e Cinco minutos são dois clássicos do nosso Romantismo.
Iracema é mais do quem um romance sobre “a virgem dos lábios de mel”, a índia cujo nome é um anagrama que representa a própria América. Iracema representa o nascimento lendário do Ceará. Trata-se de uma alegoria genial à história da colonização do Brasil pelos invasores portugueses, e, por que não dizer, à história da colonização de toda a América pelo povo europeu.
Cinco minutos, é um romance urbano da primeira fase do Romantismo – e o primeiro de José de Alencar, que revela o ideal de amor romântico: puro, casto e regenerador, sentido por duas almas que lutam e enfrentam obstáculos aparentemente intransponíveis para que possam concretizá-lo.

Orelha 1

José de Alencar (1829-1877) nasceu em Messejana, Ceará. Foi advogado, jornalista, deputado e ministro da justiça. Considerado o maior romancista do movimento romântico brasileiro, destacou-se por inaugurar uma literatura tipicamente brasileira, nacionalista e com vocabulário e sintaxe típicos do Brasil.
Seus romances podem ser divididos em quatro tipos: indianistas, urbanos, regionalistas e históricos.


Orelha 2

“ Em cerca de quarenta volumes de minha lavra ainda não produzi uma página inspirada por outra musa que não seja o amor e a admiração por este nosso Brasil.”
José de Alencar

“O autor conhece os segredos de despertar a nossa comoção por estes meios simples, naturais e belos.”
Machado de Assis

“O próprio Alencar, tanto em sua obra de criação, que é uma espécie de painel da vida brasileira, quanto em seus prefácios, pós-escritos, cartas, polêmicas e mesmo numa autobiografia, deixa transparecer com nitidez que sempre teve em mente um projeto de literatura nacional.”
Prof. Dr.  João Roberto Faria –USP

ROMANTISMO

O Romantismo foi um movimento literário que se iniciou na Europa, no final do século XVIII.
Em oposição à objetividade, ao racionalismo e à retomada dos valores clássicos do Arcadismo, o Romantismo foi um movimento marcado por subjetividade, valorização das emoções, idealismo, individualismo, busca da liberdade de criação, espiritualidade, valorização do passado e nacionalismo.


Contexto histórico

Nascido no contexto da Revolução Francesa, o Romantismo teve início na Europa em um momento em que, em razão da falência dos impérios feudais, o poder passava das mãos da nobreza para as da burguesia. A ascensão da classe burguesa provocou então uma alteração no público consumidor de literatura, que se tornou mais popular. Assim, surgiram os primeiros folhetins nos jornais, constituídos de uma literatura extremamente sentimentalista, com o intuito de atrair leitores.
Em Portugal, o Romantismo teve como marco a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e no Brasil, a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.


Influências

Alguns filósofos dessa época foram importantes também por influenciar a constituição dos ideais românticos e, consequentemente, o início do movimento. Dentre eles, destacamos:

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) – filósofo suíço considerado precursor do Romantismo. Responsável pela teoria do “bom selvagem”, que postulava ideias como: "o homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe" e "a maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza".

Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) – filósofo alemão que afirmava que o racionalismo era apenas uma parte do intelecto, ao lado de outros aspectos, como experiência, intuição, imaginação, entre outros. Por isso a influência aos românticos.

Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854) – filósofo alemão considerado um dos mais importantes do Idealismo alemão pós-kantiano. Afirmava que “o único conhecimento possível é o que a consciência tem de si própria”, assim, o único saber relevante era o autoconhecimento, ideia relacionada ao individualismo e subjetivismo dos escritores românticos.



O AUTOR

Nascido em 1º de maio de 1829, em Messejana, Ceará, José Martiniano de Alencar, filho do padre e, posteriormente, ilustre senador do império, José Martiniano de Alencar e Ana Josefina de Alencar, formou-se em Direito pela Faculdade de Olinda.
Antes de iniciar a vida literária, foi advogado, jornalista, deputado e ministro da justiça. Filiado ao Partido Conservador, foi diversas vezes deputado geral no Ceará, e, entre 1868 e 1870, ministro da Justiça. Desiludido com a política, passou a se dedicar exclusivamente à literatura – pela qual ganhou a notoriedade de um dos mais importantes escritores brasileiros.
Considerado o maior romancista do movimento romântico brasileiro, destacou-se por criar uma literatura própria ao Brasil, nacionalista e com vocabulário e sintaxe típicos do país.
Seus romances podem ser divididos em quatro tipos: indianistas, urbanos, regionalistas e históricos.
Faleceu em 1877, aos 48 anos, deixando vasta obra.

O ESTILO DE JOSÉ DE ALENCAR


Considerado hoje o maior romancista do movimento romântico brasileiro, José de Alencar foi, por sua vez, bastante criticado em sua época. O que explica a má aceitação de sua obra pelos críticos de seu tempo foi, em geral, a linguagem ousada que empregava, repleta de neologismos, que, segundo ele, era explicada pelo intuito de inaugurar uma linguagem efetivamente brasileira, o “nosso dialeto” – como ele chamava –, um “português americano” e uma literatura própria, que refletissem as características de seu país.
Esse intuito do autor foi realizado principalmente em seus romances indianistas: O guarani, publicado em 1857, Iracema, em 1865, e Ubirajara, em 1874.
No entanto, José de Alencar foi um escritor de gêneros variados. No romance, além do indianismo, destacou-se também pelo romance urbano ou de costumes, com Diva, Lucíola e A viuvinha; pelo romance regionalista, com O sertanejo, O tronco do Ipê, O gaúcho e Til, e pelo romance histórico, representado por As minas de prata e A Guerra dos Mascates
José de Alencar dedicou-se também à crônica, à crítica e ao teatro, empregando também nesses gêneros traços da sua fisionomia literária e do seu talento. Neles, o estilo descritivo, a linguagem elaborada, a riqueza de detalhes e a originalidade também se manifestam genialmente.

 
SOBRE IRACEMA

 No Brasil, a primeira geração de românticos tentou adaptar o Romantismo europeu à cultura brasileira. Com a Independência, a nação buscava seus heróis formadores, os quais representariam verdadeiramente uma pátria que até então era constituída apenas por valores europeus.
Assim, para criar uma nova identidade nacional, buscaram suas bases naquilo que era próprio da cultura brasileira, que a diferenciava das nações europeias: o nativismo, a valorização da terra e do homem primitivo.
Inspirada no mito do “bom selvagem” de Rousseau, a literatura criava um herói autenticamente brasileiro: o índio. E é nesse contexto que nasce Iracema, cujo nome é um anagrama de América.
Com uma linguagem que procurava recriar a poesia natural da fala indígena, com suas personificações e comparações, a obra de José de Alencar narra o amor proibido entre a índia tabajara Iracema e o português Martim.
Iracema é “a virgem dos lábios de mel”, guardiã do segredo da Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos) e tinha a sua virgindade consagrada a Tupã.
Martim é o guerreiro branco, amigo dos pitiguaras – inimigos da tribo de Iracema – que representa o primeiro colonizador português do Ceará.
José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas para criar o que a crítica viria a chamar de obra-prima: uma alegoria genial à história da colonização do Brasil pelos invasores portugueses, e, por que não dizer, à história da colonização de toda a América pelo povo europeu.
Sua lenda simboliza o encontro entre duas culturas – a indígena, representada por Iracema, e a europeia, por Martim – que originariam a brasileira – simbolizada pelo filho do casal: Moacir, o"filho da dor". Sua grandiosidade reside, antes de tudo, no projeto, ambicioso e arrojado, desenvolvido por Alencar: a criação de uma narrativa de estilo romântico que contasse a dramática história da colonização no Brasil.

SOBRE CINCO MINUTOS
  
Primeiro romance de José de Alencar, Cinco minutos foi publicado pela primeira vez em 1856, em folhetins de jornal, pelo Diário do Rio de Janeiro.
A obra é narrada em primeira pessoa pelo protagonista, que conta a sua história a uma prima. O título, Cinco minutos, é a razão pela qual o narrador conheceu a mulher misteriosa por quem viria a se apaixonar. Em decorrência de um atraso de cinco minutos, ele perde o ônibus, tendo que aguardar o próximo. Ao tomar o seu lugar no seguinte, senta-se ao lado de uma dama com o rosto coberto por um véu. Mesmo sem ver o seu rosto e temendo que ela fosse feia, ele acaba se apaixonando.
O episódio parece banal, mas sendo parte da trama de obra da primeira fase do Romantismo, é de se esperar que seja envolvida de espiritualidade e que siga uma tendência passional.
Assim é Cinco minutos, romance urbano da primeira fase de José de Alencar que evidencia um amor tipicamente romântico: puro, casto, duradouro e regenerador, sentido por duas almas que lutam e enfrentam obstáculos aparentemente intransponíveis para que possam concretizá-lo.

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